quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Comigo mesma

A partir do momento em que 
você passar a se olhar no espelho com os seus olhos,
e não com os olhos do mundo, algo vai mudar.
A partir do momento que você se colocar no lugar do outro,
sentir a dor do outro, algo no mundo vai mudar.
A partir do momento em que você deixar de lado as coisas ruins da vida,
que você se prestar a relembrar somente os momentos bons,
que você reclamar menos das coisas,
que você se preocupar menos com tantos detalhes insignificantes,
muito vai mudar.
Quando você passar a correr menos contra o tempo,
lhe sobrará mais tempo.
Quando você desacelerar as coisas ficarão mais leves, mais claras,
mais bonitas.
Quando você descobrir que sua própria felicidade depende só de você,
do que você é, do que você sente, do que você vê 
(set, 2013)



Aí então você terá descoberto a verdadeira felicidade! 
(set, 2018)

domingo, 24 de abril de 2016

Admito

Invadi a página.
Invadi a conta.
Invadi a tua vida.

Invadi e te deixei de fora por quanto tempo eu quis.
Invadi e te fiz sofrer sem isto.
Invadi e te deixei agonizando,
te deixei como tu deixas os outros.

Te fiz deixar daqui,
te fiz deixar do teu ritmo,
te fiz sofrer calada,
te fiz chorar escondida.

Invadi teu espaço e te fiz não vir mais aqui.
Não te deixei escrever tuas mágoas.. que foram tantas.
Não te deixei sorrir tuas vitórias
Não te deixei conhecer aquelas frases que te perseguiam por de trás dos panos.
Te fiz por longos anos esperar e não descobrir quem te seguia.

Invadi tua vida e te destruí pelas palavras.
Pela falta das palavras.
Eu invadi sim. Admito.

Porém senti pena.
Te deixei voltar.

Disse o esquecimento.


24.04.2016

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Portas


Existe poeta quando existe dor, amor,
na falta dele, na ida dele.
Existe poesia no beijo dado, no sussurro guardado, no olhar da despedida,
na lágrima caída, no não.
Poesia dói. Poesia mata.
Poesia é feita dos pedaços da alma do poeta.
É escrita com as cores da alma do poeta, e
é jogada aos ventos como amores
se ficam, se vão
não se sabe.

Declaro abertas as portas dos versos.
Dos meus versos tristes, do amor descoberto, do peso na alma que é amar.
Do peso que é desamar, ter que deixar.
Declaro abertas as portas dos versos..
aqueles soltos, que vem e vão e nunca ficam.
Aqueles que outrora eram sorrisos e suspiros,
que eram brilho nos olhos, 
que eram pulsar,
que eram.
Declaro abertas as portas dos ventos...
e que levem. 
Levem tudo que já nem tenho, 
que embaracem os meus cabelos, 
que levem o tempo e me adormeçam, e me acalmem
e me guardem, e me sustentem.

Quando se fica sem chão, se voa.
Que eu voe.


08.02.2014

sábado, 18 de janeiro de 2014

Alma


Explica então o que acontece.
Esta falta, este silêncio.
Incomoda mais que elefantes, é uma dor rasgante
vem de longe, não se vê.
Assassina meus versos, me põe contra a parede
me esmaga. 
Silencias há horas
longas horas.
As perdemos.
Explica então o que acontece, o que não acontece
o que aborrece, 
o que tira o sono.
Explica como ver este mundo, 
acho que me perdi, mas ainda vivo aqui,
então mostre o que tem de bom, 
o que tira do chão e faz flutuar...
Explica, mostra que esse desprezo 
é na verdade uma vingança, pela esperança morrendo
enquanto os dias se vão vivendo 
e só se espera este esperar
pelo que a boca não grita, mas a alma já nem tem mais voz
de tão alto gritar.
A alma também morre aos poucos, por sua incompetência, e sua tristeza 
que outras almas a fizeram sentir. 
Ela esperneia, se contorce
quer fugir, não ver mais alma nenhuma
daquelas que só a fazem chorar.


23.11.2013

domingo, 20 de outubro de 2013

Infelicidade


Não estou feliz!
Não me sinto feliz comigo mesma.
Tudo na minha vida é lindo, 
tudo na minha vida anda,
tudo na minha vida é colorido, e está bem.
Menos eu. Por minha causa.
Pela minha ausência de causa.
Pela minha essência exausta.
Pela minha indecência.
Pela minha inocência inválida.
Pela minha falta.
Por meu silêncio, incomodo, hoje.
Pela minha falta.
Pela minha sobra de tempo correndo em silêncio, 
enquanto a vida passa
e aqui permaneço.
Não estou feliz!
Me morro por dentro, me dói o peito. 
Dói. Corrói.
Não estou feliz, nem sinto que faço feliz aquele coração que me espera.
Nem sinto que tal coração possa ainda me esperar.
Não vá.
Eu não estou feliz, comigo mesma...
Eu não suporto mais minha própria dor,
minha própria falta, minha própria carne ardendo.
Não estou feliz.
Não consigo me fazer feliz.

Coração, que aí me lê, me vê, me ama
e me clama, a cada dia mais, por uma resposta...
me salve da minha infelicidade!
Antes que eu morra de horrores e destas dores rasgantes...
Porque eu não estou feliz.


20.10.2013

domingo, 6 de outubro de 2013

Desabafo


Eu sinto dores.
Dores físicas,
dores psíquicas,
dores que nem são minhas.
Eu sinto horrores.
Horrores do mundo,
horrores imundos,
que talvez só existam no eu.
Tenho acordado mal,
tenho dormido mal,
tenho me envergonhado ao olhar além
do que os olhos físicos alcançam.
É hipocrisia, é calmaria,
é sofrer, é querer,
É nariz empinado em gente que nem altura tem.
Altura em pé.
Altura em fé.
Em caráter.
Me faz dolorir, 
engolir tanto excesso.
Me faz passar mal.
Me faz sentir ódio em silêncio.
Se for falar, te condenam.
Se for escrever, te apedrejam.
Se for mostrar, te censuram.

Se for tentar viver, te matam.


06.10.2013

domingo, 29 de setembro de 2013

Meu inferno e meu céu


Comigo sou poeta. Com ele poesia.
Inconstante dor na alma. Completa calmaria.
Não sei, será, por que assim? Felicidade, sim, sei onde está!
Desejo, medo perseguido. Me satisfaz, oh doce beijo.
Já vai tarde, é o fim. Fique mais, te quero assim.

O poeta é louco morto. A poesia viva, viva.
Tão distante este mundo incerto. Tão perto meu céu eterno.
Comigo canso os olhos. Com ele descanso a vida.
Distúrbio premeditado. Equilíbrio.

Espero as horas passarem. Com ele passam depressa.
Vejo os dias chegarem, mas não me deixam livrar das tormentas.
E passam tão ligeiros, que me afogam.
Parece um medo, uma amarra, me tranca aqui parada.
Sofro!

Comigo sou poeta, torta, embaraçada, sem solução.
Com ele sou poesia, liberta, pacifica, eu mesma.


28.09.2013